Quando um desafio chega é muito comum pensar no que poderíamos ter feito para evitá-lo. Se você não fizer a lista dos erros, alguém fará por você. Mas em que isso ajuda a resolver a situação e gerenciar as consequências?
Outro dia, sentado na poltrona do avião, conecto meu fone para me distrair durante o voo. Na pequena tela à minha frente, sintonizo o canal Comedy Central. Estava passando South Park, uma animação adulta, cheia de palavrões e temas polêmicos.
O episódio mostrava uma liga de heróis composta pelos personagens principais, mas o que me chamou a atenção foi o Capitão Retrospectiva. Um repórter que sofreu a picada de uma aranha retrospectiva e ganhou o superpoder da retrospectiva. Sua habilidade o credenciava a chegar em qualquer situação e narrar tudo que aconteceu e ainda indicar o que deixou de ser feito.
Fiquei pensando em pessoas que nos cercam e, ao dividir alguma situação desfavorável, recheiam suas frases com palavras como: Deveria, poderia e teria.
A menos que tragam uma máquina do tempo, e não trarão, de nada resolve. O aprendizado virá. Esse exame pode e deve acontecer no futuro, mas o prato do dia é a gestão da crise. A busca tem de ser pela solução, foco em solução, e não no problema.
Porém desde criança somos ensinados a buscar culpados e isto encerraria qualquer problema. Você é o culpado? Nos filmes, tudo acaba com a prisão do bandido, mas resolve tudo?
Tem um problema? Ache o culpado e livre-se dele.
Você é o culpado? Está bem ferrado.
Encontrar o culpado resolve apenas parte do problema. Pode mostrar aonde você errou, de quais pessoas se afastar, o que deixar de fazer, mas ainda restam decisões a serem tomadas sobre as consequências. A mudança começa pelas decisões a serem tomadas agora e chorar pelo que já passou não vai adiantar em nada.
Seja você ou alguém a sua volta, pensar no que deveria ter feito e até se considerar “burro”. É mais uma punição que traz seu foco novamente para o problema. Com isso, a tristeza e a ira são as únicas companheiras que vão se fortalecer a seu lado. Imagino que não é o que deseja.
Situações em que você decide de forma impulsiva e passional são aquelas que trazem os piores resultados. O desafio é deixar o Capitão Retrospectiva distante, e quanto mais distante ficar da culpa, melhores serão as escolhas. Analisar as possíveis perdas, identificar soluções e ações práticas torna-se mais fácil quando estamos menos associados emocionalmente.
Compartilhe e lembre-se: O limite é você quem faz!
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O capitão retrospectiva não serve de nada