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Maria chamou a vizinha para falar por cima do muro.

– Fia! – deu um grito e seguiu falando – Ai! Vou te contar uma fofoca!

Com as panelas em cima do fogão e bobs no cabelo, saiu correndo a Zefa. Esbaforida, chegou no muro e mal deu “bom dia”. Estava curiosa que só ela.

– Conta fia. Quem morreu? – disse a Zefa sorrindo

– Nada de morte, é a Joana! Lembra? Da rua de trás?

– Lembro sim, que tem ela? – Acenando com a cabeça e olhando para baixo. O desnível do terreno permitia que elas vissem o rosto uma da outra por cima do muro.

– Eu disse pra ela ir na loja do seu Lalau. Falei de um emprego. Ela vive reclamando que não tem dinheiro, que ninguém dá oportunidade. Chora que parece criança. – Maria respirou e Zefa interrompeu:

– Mas e aí? O que ela fez? – perguntou ela impaciente

– Acredita que eu acertei com ele para empregá-la e ela nem apareceu lá? – Maria disse indignada e esbravejou – Pior que disse que ia falar com ele e não foi.

– Aff! – Suspirou Zefa e continuou – Mas tem gente que é assim. Prefere reclamar e ter desculpas. A Cleuza vive reclamando do marido, mas ela larga?

Maria olhou com cara de reprovação e completou:

– Quem diz que quer mudar de vida e faz tudo igual, não quer mudar nada. Vou terminar meu almoço, que eu ganho mais.

– É, tem que querer! Até depois, vizinha! – Zefa se despediu e foi fazer o mesmo.

E a Joana? Ainda está em casa, lamentando o quanto a vida judia dela.

E lembre-se: O limite é você quem faz!

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